POLON MALGOS

O honroso convite do Emílio para prefaciar o Polon Malgos, constitui nas entrelinhas um apelo firme, assumido e oportuno ao enaltecimento da mulher, facto que agradeço profundamente. Realmente é uma honra abraçar o doce desafio que é dar a conhecer as páginas do fôlego e do pensar desse autor que é, sem dúvida uma excelente referência de qualidade e criatividade da minha geração, e que a cada nova publicação, renova, não só os votos de compromisso e honra que com a sua nação assumiu, como ainda se actualiza contextualmente, reafirmando-se! O Emílio Tavares Lima, com a maturidade literária que vem surtindo a cada deslumbre, apresenta-nos, desta feita o Polon Malgos numa sintonia suave em que a Guiné se veste de Mulher. No horizontal, grita a terra e ama a musa da maneira mais perfeita e intensa… Mas duma naturalidade tão suave, que chega a revelar estrondoso desenlaçar uma na outra, sendo misteriosamente dois loucos corpos grudados, depois de feita a promessa de abstinência em que a cada centímetro de distância, tal a lealdade dos fiéis soldados… Num repassar de páginas, Polon Malgos se assume matriarcal e extasiante, elixir puro para a paixão a que o poeta deixa florescer até a maternidade de um novo homem e lógico, com aspirações e expressões evidentes, constituindo a mulher, uma relíquia imprescindível! No leito das folhas mais ternurentas, presenteia-nos com os seus mais recônditos desejos, permitindo-nos deliciar de turbulentos arrepios, onde apaixonadamente deixamo-nos perder e fantasiar em cada verso, sendo sim um renascer no desfolhar fundíbulo para o paraíso sonhado, entre o labirinto em que o poeta, transportando tão pesado fardo, pranto pós pranto nos lembra o materno leite do bagaço que se verte vermelho de tamanha violência da flecha inimiga. Ainda eufórico, envolve-nos em grande desejo de consolo dentre qual amansa[1]nos a alma e se define como filho da terra e homem apaixonado, gritando: junto a ti, sua majestade, encontramo-nos todos!…

… Saliatu da Costa